A audiência pública sobre o controle de armas de fogo no Brasil, realizada hoje na Câmara dos Deputados, reservou para o seu final o dado mais impactante que ali poderia surgir.
Antes dele, o que se viu, de um lado, foi o discurso batido do Sou da Paz, imutável desde 2005; as inverdades teatralmente proferidas pelo Sr. Rangel, do Viva Rio – e muito bem rebatidas pelo presidente da ANIAM; e uma mistura de pesquisa, ideologia e opinião pessoal lançada, sabe-se lá com qual propósito, pelo representante do IPEA. Do outro lado, intervenções que dispensam comentários do presidente do Movimento Viva Brasil, sempre ponderadas e pautadas em argumentos técnicos; dados objetivos do presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições; e considerações técnicas do representante do SINARM, desfazendo inúmeros mitos sobre descontrole de armas no país, inclusive quanto à quantidade das ilegais, tomada pela Polícia Federal como impossível de ser mensurada.
Em meio a este cenário, salvo raras e honrosas exceções, deputados que, muito mais que interessados no debate técnico do assunto, utilizavam-se da audiência para a explanação de suas ideologias pessoais e, sobretudo, partidárias.
O cenário, aliás, não representou ineditismo no aspecto da discussão sobre o controle de armas, onde a ideologia desarmamentista procura atropelar fatos, números e a própria vida real, na tentativa de se impor, num processo no qual a mentira é estratégia recorrente, travestida de estatísticas cujo embasamento científico não existe.
O ápice da audiência, contudo, pôde ser visto em seu encerramento. Diante de defensores ferrenhos da inverdade de que é a arma do cidadão brasileiro de bem que abastece a criminalidade, o presidente da mesa participou aos presentes a informação confidencial que lhe havia sido passada por um integrante das forças de segurança que atuaram no Rio de Janeiro, por ele protegida, inclusive, pelo sigilo da fonte em decorrência da imunidade parlamentar. Eis a informação: das armas apreendidas na invasão do Complexo do Alemão, naquele episódio amplamente televisionado e midiaticamente coberto, mais de 70% (setenta por cento)* era de origem estrangeira e mais de 60% (sessenta por cento) de calibres proibidos para civis.
A expressão de “como assim?” da representante do Sou da Paz foi impagável! Pena o Rangel ter saído antes – como, aliás, lhe é típico em seu viés teatral: fala e sai antes de ser contestado.
Como sempre digo, os números reais são os maiores inimigos da falácia desarmamentista. Basta que eles apareçam para que o castelo de mentiras rua, como agora, quando se vê mais uma delas ficando insustentável, pois se vem provando, a todo instante, que o tráfico internacional de armas é a principal fonte de abastecimento do crime organizado no país, de onde parte o fomento basilar para a imensa maioria das atividades criminosas periféricas.
Difícil é ter esperança quando o que o governo faz é, justamente, cortar a verba da Polícia Federal para a fiscalização das fronteiras.
* O percentual oficial foi de 77%
* O percentual oficial foi de 77%
valeria "ouro" 10 segundos de vídeo da cara de espanto da representante da SDP
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